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20 de ago | José Nivaldo Junior

FINDI - O nosso ZÉ NIVALDO, que vive coisas que só ele vive - A NOIVA NO ORELHÃO




Casamento daqueles noticiados nas colunas sociais e tal. Começo dos anos 90, por aí. Celular não existia. O noivo era filho de um ex-cliente, a noiva de uma família bem sucedida de profissionais liberais. Tinha relação com o noivo, a noiva gostava da minha conversa, mas sem maior aproximação.
Na noite do evento, lá vou eu, pontualmente atrasado. No tempo em que havia essas coisas, eu chegava com uma hora de atraso para chegar no momento certo. Nesse dia, não funcionou. Cheguei, só o padre estava no altar. Visivelmente impaciente. Acenei para uns conhecidos e fiquei no meu canto.

DO LADO DE FORA
A partir desse ponto, é o que me contaram. A noiva passou um tempão dando voltas na Limousine alugada, esperando o noivo chegar. Nada. Lá para tantas, perdeu a paciência, foi até um orelhão e ligou para o telefone do quarto do noivo. Ele atendeu. _ " Você vem ou não vem?" Do outro lado o cara chromingou: " Vou não. Eu descobri que...". Não concluiu a frase. Do orelhão, toda paramentada, a noiva soltou uma esculhambação em regra e mandou o cara à merda. Entrou no carro e foi para a igreja. Chegou, desceu desacompanhada, a partir daí sou testemunha. E partícipe.

QUEM É QUEM...
A noiva entrou na igreja resoluta. Suor estragando a maquiagem, agarrada na cauda do vestido. Com um gesto parou a música. Foi até o altar, pegou o microfone e falou: minha gente, eu não conheço todo mundo, queria separar: os meus convidados desse lado - apontou para a direita dela, ala esquerda dos bancos. Os dele para lá... Foi aquele aquela-arreda geral. Feita a divisão, a noiva falou algo assim: Fulano desistiu de casar. Mas eu não estou achando ruim não. Melhor hoje do que amanhã. Portanto, a cerimônia não tem mas a festa está mantida. Eu vou comemorar ter me livrado de casar com um traste daqueles. Meus convidados, vão comigo. Os dele, a partir de agora são meus também. Quem quiser ir pra festa será bem vindo.

E EU?
Bom, o cara já era ex (cliente) meu, ex quase marido dela... Eu vou pra essa festa, decidi. Alguns conhecidos resolveram ir também, na base do já que estamos dentro, deixa rolar. Para encurtar a historia: o uísque era bom e farto. A banda, conhecida minha, meio parceirona de aventuras musicais. A noiva caiu na dança, puxou a animação. Lá pras três da manhã a banda entrou no forró, me chamaram para cantar com eles. Quem me conhece sabe: naquele tempo, pegava o microfone e não largava mais. O sol nasceu, eu comandando a quadrilha, puxando uma versão da letra do clássico interpretado por Luiz Gonzaga que adaptei e ensaiei com a platéia na hora. Eu: "Nem se despediu de mim". E a galera: "O frouxo". Eu: " Nem se despediu de mim. Já chegou brochando e agora, bebeu água foi embora, fica longe coisa ruim".
E todo mundo, cantando e fazendo gesto de descarrego: Lá iá, lá ..iá.Lá ia lá iá... foi um sucesso.
Tirando os dos meus filhos (inigualáveis) e sobrinhos (imbatíveis, desculpem a imodéstia) foi a melhor festa de casamento da minha vida. Só uma coisa me intriga até hoje: onde danado a noiva arrumou ficha para o orelhão?


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